quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Exemplos concretos nem sempre são didáticos




Aprendizado: ensino de matemática tem sido um desafio ao professor

FRANCE PRESSE

Os exemplos concretos estão longe descer o melhor método pa­ra ensinar matemática, revela um estudo publicado nos Esta­dos Unidos. "É muito difícil ex­plicar princípios matemáticos a partir de um exemplo concreto", afirma Vladímir Sloutsky, autor do estudo e diretor do Centro pa­ra a Ciência Cognitiva da Univer­sidade do estado de Ohio.

"Os exemplos concretos podem ser uma boa maneira de provar o domínio dos conhecimentos já ad­quiridos, mas são maus instru­mentos de ensino", destaca Slouts­ky, cujos trabalhos aparecem na re­vista americana Science.

Para os estudantes que apren­dem uma regra matemática atra­vés de vários exemplos concretos será mais difícil reutilizá-la em um novo contexto, se compara­dos a estudantes que a aprende­ram exclusivamente de forma abstrata, destaca a pesquisa.

Os pesquisadores testaram sua teoria em um grupo de 80 es­tudantes divididos em quatro

subgrupos, que aprenderam um princípio de aritmética simples ilustrado por um, dois e três exemplos concretos, no caso dos três primeiros subgrupos, en­quanto o quarto subgrupo rece­beu apenas uma simples explica­ção abstrata.

Em seguida, o conjunto foi submetido a um questionário de múltipla escolha para testar sua compreensão do princípio de cál­culo aprendido. O melhor resul­tado (80% de respostas corretas) coube ao grupo de estudantes que aprendeu o princípio de for­ma puramente abstrata. Segundo artigo da professora Suely Druck, a qualidade do ensino da mate­mática atingiu, talvez, o seu mais baixo nível na história educacio­nal do País. A média em matemá­tica tem sido a mais baixa entre todas as áreas. O último Saeb (Sis­tema Nacional de Avaliação da Educação Básica) mostra que apenas 6% dos alunos têm o nível desejado. E a comparação inter­nacional é alarmante. No Pisa (Program for International Student Assessment) de 2001, o Bra­sil ficou em último lugar.







2 comentários:

Anônimo disse...

Creio que os exemplos concretos podem ser usados como uma ferramenta para trabalhar a noção intuitiva dos alunos, mas estes por si só não são o suficiente para que os alunos adquiram domínio do assunto apresentado. Vejo então, que depois de se ambientarem com a noção intuitiva, os alunos devem receber a explicação abstrata.
Quanto ao desempenho do Brasil no Pisa e no SAEB vejo que esses resultados são interessantes pois nos alertam sobre a necessidade que o nosso país tem de maiores investimentos na educação como um todo.
Uma vez que professores bem preparados poderão melhor atender as necessidades dos alunos e os alunos bem preparados poderão contribuir com os avanços de nosso país.

Olenêva disse...

O nosso cologa Cleslandir apresentou este texto e nos trouxe reflexões pedagógicas acerca da Matemática: do concreto ao abstrato. Aproveitou e fez considerações às fases piagetianas.
Foi muito boa a exposição das questões de discussão e a sutil provocação para todos nós que estamos desenvolvendo um projeto de Oficina de Matemática.